Causa indígena marca as comemorações pelos 12 anos do curso de Serviço Social da Unigranrio

A noite de Lua Cheia iluminou de vez a Unigranrio/Caxias, nesta última terça-feira, onde cerca de 150 alunos lotaram o auditório desse campus para comemorar os 12 anos de atividades do curso de Serviço Social. Alunos, professores e ex-alunos se uniram no evento que marcou o lançamento da revista eletrônica Moitará, voltada a debates e difusão de produção acadêmica. Marina Amoedo, coordenadora do curso de Serviço Social, e equipe de professores prepararam uma jornada especial para mesclar a origem do nome do novo veículo de informação, que significa troca e celebração, com a retrospectiva de ensino de um curso vitorioso na Baixada Fluminense e em todo o Estado do Rio de Janeiro. Veja a edição de lançamento da Revista Moitará:http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/mrss/issue/current.

‘Virá que eu vi/Tranquilo e infalível como Bruce Lee…”.
Hoje, cerca de 1.000 alunos desse curso estudam em Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Magé, na Baixada Fluminense. Se faltaram índios no evento, sobraram assuntos importantes relativos ao tema ‘Serviço social e Questão Indígena’. Os motivos e entraves são muitos, mas as soluções se arrastam por décadas, de governo para governo. E os problemas são os mesmos de sempre: demarcação de terras, invasão de território indígena, ingerência política, conflitos agrários, mortes, trabalho escravo e falta de atitude do Ministério da Justiça. No Brasil, temos atualmente 900 mil índios, mas, segundo o IBGE, 350 mil deles vivem em área urbana.
Marise de Oliveira, representante do Instituto de Saberes dos Povos Originários da Aldeia Jacutinga, apresentou a palestra “A questão indígena em Duque de Caxias”.
Ela chegou à Unigranrio com adereços usados por índios e, mesmo em noite de comemoração, não deixou de abordar sobre as desigualdades históricas desse povo. “Hoje, durante a minha palestra, falei sobre a questão social indígena, a invisibilidade, discriminação e negação dessa identidade dentro de nosso país. Nós estamos vivendo um dos piores momentos no Brasil, porque a própria Funai, que deveria ser um órgão suprapartidário e formado por diversos segmentos de nossa sociedade, não cumpre com as metas a que se propõe, deixando à margem de direitos boa parte da população de nossos índios, inclusive os da área urbana”, dispara.


‘Quem me dera ao menos uma vez/Como a mais bela tribo/Dos mais belos índios/Não ser atacado por ser inocente…’.
Marisa de Oliveira conhece bem os que desrespeitam os direitos dos índios brasileiros: “Os índios já começam a recuar na hora de reconhecer sua própria identidade, já que a maioria deles prefere não ser identificada como de origem indígena, preferindo ser classificada como ‘brasileiros’, negando a própria etnia. Os donos dos agronegócios são os que mais atuam contra as causas indígenas, dentro do Congresso e no Senado, com projetos de lei e PECs, a exemplo de Belo Monte, um reflexo das ditaduras”, critica Marisa.
Outro que fez coro contra os tambores da desigualdade indígena foi Willian Bruno, palestrante convidado e colaborador da Revista Moitará.
Ele á autor do artigo científico “A expressão indígena da Questão Social no quadro da formação social brasileira: quais os desafios para a política social?”. Em depoimento exclusivo para o Unigranrio On-Line, Willian fala dos desafios e das manobras políticas: “A profissão do assistente social é uma das que trabalham com políticas sociais, talvez a primordial. Em 2004, passei a trabalhar com causas indígenas, paralelamente ao trabalho de assistente social. Cheguei a fazer curso com o teatrólogo Augusto Boal. Eu atuei em acampamentos do MST, com desdobramentos junto à causa indígena na Luta pela Terra e com etnografias políticas durante seis anos, antes do meu mestrado”, explica.
Em sua palestra, Willian Bruno escolheu o tema “Desafios para as políticas sociais”, que é uma preocupação governamental, já que as desigualdades sociais são parte dos gargalos que a presidente Dilma Rousseff enfrenta em seu segundo mandato presidencial. “Minha palestra deu ênfase à questão indígena, a tudo que pode servir como reflexão aos acadêmicos da Unigranrio, como propostas por espaço da causa dessa população”.

Mesa de abertura.
Ela contou com o diretor da Escola de Ciências Sociais aplicadas, Fred Schiffer; a coordenadora do curso de Serviço Social, Marina Amoedo; Ebe Campinha, Carla Morani, Diego Rivas e Débora Oliveira, professores da Unigranrio. Silene Ribeiro, professora do curso de Serviço Social da Unigranrio, foi responsável pela apresentação do painel “Um panorama da questão indígena no Brasil”. Ela é pesquisadora sobre o trabalho indígena na cidade do Rio de Janeiro (séculos 18 e 19).


Diretor da Escola de Ciências Sociais aplicadas, Fred Schiffer, ressalta importância do curso de Serviço Social.
“Quando eu era diretor do curso de Comunicação e Marketing da Unigranrio, procurava entender o motivo desse curso ser tão especial, com excelentes notas no Enade e reportagens sobre os serviços prestados à nossa sociedade. Hoje, tenho orgulho de fazer parte desta comemoração de 12 anos de ensino, que dá visibilidade à nossa instituição, graças à seriedade de todos os professores e alunos envolvidos. É gratificante ver o nível de práticas e de inserção social desse curso tão importante, liderado pela coordenadora Marina Amoedo”, elogia Fred.
Marina Amoedo, coordenadora do curso de Serviço Social, comemorou dois aniversários numa mesma noite.
Ela estava em ritmo de festa, afinal os parabéns pelo aniversário de 12 anos de seu curso coincidiu com seu aniversário. Em dose dupla, os aplausos ecoaram pelo auditório lotado, onde professores e alunos puderam ouvir dela o depoimento que muitos aguardavam: “Nossa profissão é um exercício diário de dedicação, de aprendizado mútuo, de investimento no ser humano. Nosso projeto pedagógico norteia a profissão que todos abraçaram na defesa das políticas públicas e dos direitos sociais. Os desafios que se colocam demandam a articulação de diversos atores e de todas esferas do governo. Agradeço a todos que estão aqui e que engrandecem o nome de nosso curso e de nossa instituição”, conclui Marina.


Lobélia da Silva Faceira, ex-professora da Unigranrio, afirma que o curso de Serviço Social da Unigranrio é o melhor do Estado do Rio de Janeiro.
Hoje, Lobélia atua como professora na Universidade Federal Fluminense (Unirio), mas tem orgulho de colaborar para o crescimento do curso de Serviço Social da Unigranrio. Ela esteve inicialmente no Centruni, onde passou a colaborar na constituição do currículo desse curso, que teve início em agosto de 2003. “Eu fiquei na Unigranrio durante sete anos, embora tenha saído dessa universidade por conta de minha aprovação no concurso público na Unirio. Para mim, a Unigranrio mantém o melhor curso de Serviço Social, porque o corpo docente é muito bom”, elogia.
Lobélia enaltece estrutura curricular do curso de Serviço Social da Unigranrio.
“A Marina conseguiu segurar muita gente competente e ampliou o corpo docente para as demandas e desafios de nossa profissão. A Unigranrio é a minha segunda casa, mas destaco que o currículo desse curso foi desenhado a partir de diretrizes da associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social”.